O ex-secretário estadual da Saúde do Tocantins, médico Edgar Tolini, juntamente com a sua esposa Thaís Carvalho, são alvos de uma operação da Polícia Federal na manhã desta terça-feira (19/7). O casal teria utilizado os aviões contratados pelo Governo do Tocantins para viagens pessoais.
A investigação também apura o pagamento de propina pelo aluguel da unidade onde funcionou o Hospital Estadual de Combate à Covid-19 (HECC). O aluguel mensal era de R$ 500 mil, dos quais R$ 250 mil seriam repassados aos gestores a título de propina. O esquema teria causado prejuízo total de R$ 13,7 milhões aos cofres públicos.
A operação foi autorizada pelo juiz federal João Paulo Abe, da 4ª Vara Federal, que determinou a busca e apreensão de documentos em endereços do ex-secretário, da esposa e do sogro dele, Geraldo de Carvalho. A Justiça determinou o bloqueio de bens e valores dos três investigados até o montante do suposto prejuízo. Eles também estão proibidos de sair do país e devem entregar seus passaportes no prazo de 24 horas. Os mandados estão sendo cumpridos em Palmas e Goiânia.
DENÚNCIA
A investigação começou depois que um servidor público compareceu na delegacia da PF denunciando que aeronaves contratadas pelo governo, inclusive UTIs aéreas, estariam sendo utilizadas por Edgar Tolini para viagens de Palmas a Goiânia (GO) durante os fins de semana. Relatou ainda que parte do dinheiro pago pelo estado pelo aluguel do Hospital de Campanha da Covid-19 era destinado a gestores do estado em forma de propina.
Após a denúncia, a PF começou a monitorar a utilização das aeronaves e montou um relatório relacionando as viagens do casal com a utilização dos aviões contratados pelo governo estadual.
As aeronaves supostamente foram fornecidas pela empresa Brasil Vida Táxi Aéreo, que assinou dois contratos com o governo do Tocantins entre 2020 e 2021 para transporte de táxi aéreo e UTI aérea, totalizando R$ 20.886.300.
LEITOS HOSPITALARES
Segundo a polícia, Tolini também é investigado em um suposto esquema de superfaturamento na compra de leitos hospitalares. O dinheiro adquirido nos esquemas estaria sendo lavado por meio da compra de imóveis, carros de luxo e itens de luxo, além de depósitos em uma conta no exterior.
“No caso vertente, existem consistentes elementos de informação que permitem inferir que o investigado Luiz Edgar Leão Tolini tenha utilizado aviões que prestam serviço para o Estado do Tocantins, para uso pessoal, bem como, de que estaria lavando dinheiro por meio da construção de uma residência em um condomínio em Goiânia, com o indispensável auxílio de sua esposa, Thaís de Carvalho Costa, e de seu sogro Geraldo de Carvalho”, diz trecho da decisão.
Além dos mandados de busca, o juiz também determinou a quebra do sigilo bancário, sequestro de bens móveis e imóveis dos três investigados, até o valor do prejuízo investigado, e o recolhimento do passaporte de ambos para evitar fuga do país.
O médico Edgar Tolini foi responsável pela saúde do Tocantins durante o governo de Mauro Carlesse (Agir), que renunciou ao cargo para se livrar de um processo de impeachment. Tolini acabou deixando a Secretaria de Estado da Saúde (SES) dias após o governador ser afastado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) devido a diversos indícios de corrupção.
RESPOSTA
Em nota, a Brasil Vida Táxi Aéreo informou que não é investigada na operação da Polícia Federal e que forneceu uma cópia dos seus servidores de forma a colaborar com as investigações policiais.
"Esclarece ainda que todos os voos foram realizados mediante solicitação do Governo do Tocantins, com base em contrato firmado com o referido Ente, e com a emissão das devidas notas fiscais. A empresa continua à disposição para colaborar com as investigações", declarou a empresa.