08/07/2022 às 10h21min - Atualizada em 08/07/2022 às 10h21min

Após seis meses da enchente em Miracema, moradores de povoado continuam tentando reconstruir casas

Divulgação

No início de 2022 as fortes chuvas atingiram mais de 3 mil pessoas em pelo menos 25 municípios do Tocantins. Algumas famílias ainda vivem em barracos improvisados e sem água potável.

 

No início de 2022 as fortes chuvas atingiram mais de 3 mil pessoas em pelo menos 25 municípios do Tocantins. Seis meses se passaram e ainda tem uma comunidade em Miracema do Tocantins, na região central, que não conseguiu se reerguer.

É só entrar na casa do seu Antônio Afonso para perceber o quanto ainda está longe de ele conseguir se reconstruir. A parede da sala que era de tijolo hoje é uma lona que serve só para não deixar o vento entrar.

A separação do banheiro é uma telha e a pia fica em cima de tijolos empilhados. A parede atrás da cama onde o produtor dorme é do mesmo jeito: tijolo encaixado em tijolo, sem cimento para sustentar. As vigas do telhado também ficam apoiadas na parede empilhada, desafiando a física.
“Eu não posso nem triscar nela que cai. Eu fico de longe, para não triscar e não cair em cima de mim”, disse o Afonso Nazário que mora há mais de 40 anos no povoado Barra da Providência, na zona rural de Miracema.

As chuvas começaram em dezembro do ano passado e fizeram o rio Tocantins ter a maior cheia dos últimos 20 anos. Miracema decretou situação de emergência no dia 27 de dezembro e mais de 350 pessoas foram atingidas.

Toda a região que fica às margens do rio ficou submersa após o nível subir 12 metros acima do normal. No fim de janeiro, quando a água começava a baixar a TV Anhanguera esteve no local mostrando a volta para casa.

Quase seis meses depois ainda falta muita coisa, mas a vida vai se reerguendo. Na sala do lavrador esta uma pilha de sacos de cimento. Ele trabalha na horta para tentar levantar o dinheiro necessário para reconstruir. "Agora é esperar, primeiro em Deus e nas pessoas que tenham um bom coração para me ajudar a construir de novo", disse.

O vizinho, Washington Luiz, também tenta reerguer a casa, mas por enquanto só um barraco foi feito. Na época das enchentes a água passou por cima da casa e levou tudo. A única coisa que sobrou foi uma pilha de tijolos.

"Não sobrou nada. Eu saí daqui só com a roupa do corpo e os documentos que deu tempo de tirar. A água invadiu aqui à noite", lamentou.

Ele trabalha na horta, mas diz que depois das enchentes essa região produtora nunca mais foi a mesma. "A plantação a gente achava que depois dessa enchente ia dar um bom legume, pois não deu. Plantamos ali e a plantação não está boa", lamentou.

Os produtores da Barra da Providência são os principais responsáveis por abastecer a feira de Miracema. Apesar dos prejuízos dá para ver que a vida verde já começa a se recuperar, mas mesmo a natureza ainda sofre com os danos das chuvas. A paisagem também foi modificada porque metade de um barranco foi carregada durante as chuvas.

Depois de tanta água cair do céu, hoje os moradores sofrem com a falta de água potável. "A gente está sem água potável para beber. A gente precisa de um poço artesiano para atender essa comunidade que está desassistida", disse o Fábio Borges.

O que diz o município

A Secretaria de Administração de Miracema disse que as famílias atingidas pelas chuvas receberam cestas básicas e apoio financeiro para a recuperação dos prejuízos.

Sobre a falta de água potável, a secretaria informou que o caminhão-pipa que abastecia o povoado está com defeito e o município está buscando alternativas para resolver a situação.


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